O Igor Rodriguez é motoboy e queria comprar uma motocicleta nova para trabalhar, mas só encontrou dificuldades pelo caminho. Quando viu o preço, levou um susto: ela estava quase R$ 2 mil mais cara do que há alguns meses. Além disso, por causa dos prazos estendidos nas últimas semanas, ele teria que esperar trinta dias para retirar a moto. Com isso, ele decidiu aguardar antes de tomar uma decisão.
Esse desequilíbrio entre demanda e oferta foi causado pela pandemia do coronavírus, que suspendeu as atividades das fábricas. A maior parte da produção está concentrada em Manaus, uma das cidades mais atingidas pela Covid-19. De acordo com a Abraciclo, entidade que representa o segmento, o número de motos fabricadas neste primeiro semestre foi 27% menor do que no mesmo período do ano passado. O presidente da associação, Marcos Fermanian, diz que o consumidor que queria comprar uma moto foi duplamente prejudicado nos últimos meses.
A Fenabrave, associação que representa as concessionárias, também reclama da situação; sem produção, as revendedoras não têm veículos para comercializar. O diretor executivo da entidade, Marcelo Franciulli, diz que a demanda foi estimulada por serviços de entrega que cresceram com o isolamento social. Embora não esteja tão otimista, o presidente da Abraciclo disse esperar que o ritmo de produção volte aos patamares de janeiro a março deste ano. Naquele período, foram produzidas cem mil motos por mês. Os dados da associação referentes ao mês de junho já mostraram uma recuperação. Foram produzidas no mês passado 78 mil unidades, número bem acima das 15 mil motos fabricadas em maio.
*Com informações da repórter Nicole Fusco