A União Europeia enfrenta um impasse na tentativa de definir o plano de socorro econômico para os países mais afetados pelo coronavírus. Os líderes do bloco estão reunidos em Bruxelas, na Bélgica, desde sexta-feira (17), no que já se tornou na cúpula mais longa do bloco em 20 anos. As reuniões foram suspensas com o dia claro nesta segunda-feira (20), por volta das seis da manhã no horário local — uma da manhã em Brasília.
Mesmo depois de varar a noite nas negociações, ainda não há indicativo claro de que o grupo de 27 países irá encontrar um consenso. A principal disputa no momento é sobre como dividir os cerca de 750 bilhões de euros propostos para o plano emergencial. França e Alemanha pressionam para um formato que simplesmente repasse verbas para os mais atingidos pelo coronavírus. Itália e Espanha, que vinham se recuperando lentamente da crise de 2008, apoiam o projeto e precisam do socorro imediatamente.
Mas um segundo grupo, liderado pela Holanda e com a participação de países como Dinamarca, Áustria e Suécia está bloqueando a iniciativa. Eles querem reduzir os valores de repasse no plano de socorro e preferem o modelo de empréstimos aos países mais necessitados. Outros pontos também estão no meio do caminho — Hungria e Polônia, por exemplo, criticam cláusulas políticas que estão sendo debatidas.
O encontro em Bruxelas, que é o primeiro presencial entre líderes europeus, vai continuar na tarde de hoje. A União Europeia tem sido fortemente criticada por seus próprios integrantes pela falta de ações coordenadas durante a pandemia. Na prática, cada um dos 27 integrantes adotou medidas individuais nos últimos meses, incluindo o impensável fechamento de fronteiras.
Por isso, há forte pressão para que este plano de socorro financeiro seja robusto e não repita os mesmos erros cometidos na crise passada. Itália, Espanha e Grécia, por exemplo, não aceitam ouvir falar em empréstimos que venham atrelados a planos de austeridade. A questão é que estes mesmos países já estão altamente endividados, e muitos sócios não parecem dispostos a pagar a conta outra vez. A unidade europeia está em xeque de novo e o encontro em Bruxelas pode ser crucial para o futuro do bloco como conhecemos hoje.