BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Logo após pedir demissão do cargo de secretário de desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar culpou nesta terça-feira (11) os entraves políticos e o establishment pelo atraso no plano de privatizações.
“Na realidade, a privatização é uma coisa estranha para governo, porque a máquina foi feita para não ser reduzida de tamanho. Isso é normal. Então, quando você vai privatizar, você mexe no jogo de interesses. Então, o establishment não deseja que aconteça privatizações”, afirmou, em entrevista à CNN Brasil.
O ministro Paulo Guedes (Economia) anunciou nesta terça que Mattar e o secretário Paulo Uebel (Desburocratização) pediram demissão. A debandada, como o próprio ministro denomina, se deve às dificuldades de executar projetos das secretarias.
Mattar repetiu os argumentos de Guedes: “Quem dita tudo isso é a política. A política não tem interesse em privatizar. Então por isso que está lento o processo”.
Escolhido para ser secretário em novembro de 2018, o empresário Salim Mattar, um dos fundadores da Localiza, comandou a agenda de gestão de estatais, enxugamento de quadros de funcionários, e também a política de desinvestimento de empresas públicas, como a venda de participações.
Apesar do pedido de demissão, ele disse que não está frustrado com o trabalho realizado no cargo, citando que foram vendidos R$ 150 bilhões em ativos da União, 84 empresas, incluindo subsidiárias, e deixou preparada a privatização de 14 estatais a partir do próximo ano.
“Haverá, sim, privatizações”, garantiu Mattar durante a entrevista ao canal de televisão.No entanto, ele se queixou das barreiras burocráticas para realizar esse tipo de operação.
Segundo Mattar, os Correios, estatal que estava na mira dele, seria vendida em até 90 dias se fosse uma empresa privada. Mas, por ser uma estatal, isso deve demorar 28 meses, completou.
Outro exemplo citado foi a privatização da Eletrobras, que está em discussão com o Congresso desde o ano passado, mas o tema não avançou.
Mattar disse ainda que, apesar do pedido de demissão, continua apoiando a agenda do presidente Jair Bolsonaro e de Guedes.
“O mundo do governo é muito diferente do mundo da iniciativa privada”, justificou a demissão.