Extremos Climáticos Exigem Nova Abordagem na Engenharia de Drenagem

Extremos climáticos, como os registrados no Rio Grande do Sul em maio passado, destacam a urgência de projetos de saneamento eficazes. A drenagem urbana precisa ser parte de planos integrados para mitigar os danos causados pelas enchentes.

No entanto, a prática mostra uma falta de integração. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), que a partir deste ano será o Sinisa, coletados em 2023 e referentes a 2022, revelam que a falta de programas, investimentos e planejamento pode resultar em alagamentos semelhantes em muitos municípios brasileiros.

Os dados da Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas (DMA-PU) evidenciam diversas carências:

  • Apenas 16,8% dos municípios possuem o Plano Diretor de DMA-PU;
  • 42,5% têm cadastro técnico do Sistema de DMA-PU;
  • Apenas 4,1% possuem algum tipo de tratamento de águas pluviais;
  • 10,8% dispõem de soluções de drenagem natural, como faixas e valas de infiltração em vias públicas;
  • Apenas 30,2% dos municípios brasileiros têm mapeamento de áreas de risco de inundação.

Para o CEO da Telar Engenharia, Marco Botter, a reconstrução da infraestrutura no Rio Grande do Sul exigirá uma avaliação de longo prazo. “As obras de reconstrução são urgentes, mas não devem ser realizadas sem uma análise profunda da nova realidade climática, que apresenta alto risco de eventos extremos”, afirma.

Ele destaca que os projetos de obras hidráulicas precisam ser revisados, considerando novos parâmetros de chuva e seus períodos de retorno, o que requer a colaboração de hidrólogos e climatologistas. “A frequência de eventos climáticos extremos exige que a engenharia nacional reveja os parâmetros tradicionais para drenagem e controle de enchentes”, explica Botter. Com o aumento dos volumes pluviométricos, será necessário redimensionar as obras de engenharia.

O engenheiro Alberto Cardoso Correia Rego Filho também enfatiza a importância de uma visão inovadora e sustentável na engenharia de drenagem. “Precisamos incorporar soluções baseadas na natureza e na sustentabilidade. As faixas e valas de infiltração são exemplos de como podemos utilizar métodos naturais para gerenciar o excesso de água, reduzindo os riscos de inundações e melhorando a resiliência urbana”, afirma Rego Filho.

O alerta gerado pelos eventos no RS, juntamente com o amadurecimento dos projetos e processos de concessão e Parcerias Público-Privadas (PPPs) no período pós-Marco do Saneamento, deve acelerar os negócios para quem atua no setor. A Telar Engenharia tem no seu portfólio obras importantes, como as canalizações dos córregos Pirajuçara, Antonico, Aricanduva, Jaguaré, Saracura (sob Avenida Nove de Julho) e Tiquatira, em São Paulo.

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