O governo brasileiro acionará a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o governo das Filipinas depois de o país barrar a importação do frango do Brasil. Em entrevista ao Estadão/ Broadcast, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que as Filipinas já haviam demonstrado preocupação em proteger seus produtores de frango e que tomou a decisão sem ter provas de que houve contaminação.
“O Brasil vai reagir. Não podemos misturar uma situação comercial com uma notícia que não tem confirmação. Um assunto comercial não se mistura com a pandemia”, afirmou a ministra.
Na quinta-feira, o governo da cidade chinesa de Shenzhen disse que uma amostra de asas de frango congeladas importada do Brasil teve teste positivo para o coronavírus, mas ainda não apresentou detalhes.
O ministério já enviou ao Itamaraty um pedido para que faça gestões junto ao governo filipino e à OMC sobre o assunto. Além disso, a embaixadora das Filipinas no Brasil foi chamada a se explicar junto à pasta, o que, na linguagem diplomática, é considerado um constrangimento.
A avaliação no governo brasileiro é que os filipinos estão se aproveitando da pandemia para aumentar o protecionismo. Apesar de não representarem um destino importante para os produtos brasileiros, a reação do Brasil será forte para “estancar a sangria” e evitar que os filipinos sejam seguidos por outros países.
Junto à OMC, o Brasil deve ainda apresentar uma Preocupação Comercial Específica em relação ao caso, que é uma espécie de reclamação contra um país que não esteja cumprindo as regras de comércio do organismo multilateral.
“Já prevíamos o aumento do protecionismo, e espero que não [haja um efeito cascata]. Só sei te dizer que, se as coisas forem pelo método científico, o Brasil está fazendo o seu trabalho”, completou Cristina.
O governo brasileiro pediu informações às autoridades chinesas sobre os testes e resultados e espera receber as respostas no início da semana que vem. De acordo com a ministra, não houve nenhuma ação efetiva do governo chinês em relação ao frango brasileiro, nem a planta de que partiu a amostra que estaria contaminada teve a importação suspensa.
“É muito precipitado. O Ministério da Agricultura só vai se pronunciar sobre o caso na hora que estiver informações oficiais”, completou.