Desde que Jair Bolsonaro tomou posse, a participação de militares da ativa no Exército, Marinha e Aeronáutica em cargos públicos tem crescido, inclusive no comando de ministérios. Segundo o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, apesar de haver vários oficiais no governo, “não existe uma ala militar”. “Nunca nos reunimos para tratar sobre assuntos ou combinar participações nas decisões de Bolsonaro. Jamais ajustamos nossas ideias. Cada um tem suas próprias convicções e aprendizados, não existe a preocupação de ter uma ala militar”, esclareceu em entrevista exclusiva ao programa Os Pingos nos Is.
Para Heleno, a participação dos oficiais é uma “decisão inteligente do presidente”. Isso porque o Brasil investe muito na carreira dos militares, então “é uma oportunidade que pode ser bem aproveitada”. No entanto, deixou claro que os oficiais, quando se desligam do Exército, são “esquecidos das decisões das Forças Armadas”, e se tornam “participantes do governo”. “O governo não é militarizado, entramos sem farda”, afirmou.
Gilmar Mendes foi ‘colocado no seu devido lugar’
Augusto Heleno voltou a dizer que a declaração do ministro Gilmar Mendes, que associou as Forças Armadas a um genocídio, foi “extremamente infeliz” e “uma comparação disparatada”. “[Mendes] Já foi rebatido e colocado no seu devido lugar”, afirmou. Segundo ele, a manifestação foi muito “mal recebida”, e “não faz o menor sentido”, além de “ignorar” todas as ações o que o Exército tem feito durante a pandemia da Covid-19.
Nos últimos meses, o governo tem se envolvido em uma série de desentendimentos com o Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo o inquérito que apura a disseminação de fake news e ofensas aos membros da Corte por aliados bolsonaristas. Apesar de atentar para “intervenções preocupantes” dos outros Poderes, Heleno pediu que haja um consenso entre os órgãos. “Há um temor que isso se alastre e que algum dos poderes seja sufocado por intervenções desnecessárias”, afirmou.
“Porém, não quero acirrar ânimos. Sou totalmente a favor da fase que estamos vivendo agora de buscar a pacificação, das instituições se respeitarem mutuamente, isso é fundamental para o País. Precisamos apelar para um consenso”, finalizou o ministro.