A Sociedade Brasileira de Infectologia, em comunicado, afirmou que a hidroxicloroquina não tem efeito e recomendou que o medicamento seja abandonado no tratamento da Covid-19. Para a infectologista da Rede D’Or, Raquel Muarrek, a decisão do órgão é condizente com as pesquisas robustas ao redor do mundo sobre o remédio. “A hidroxicloroquina é um antiviral potente que foi e é utilizado contra a malária desde 1937. Só que para a covid-19 (…), com os estudos fechados agora, mostrou-se que não há evidência nenhuma ou melhora do resultado do tratamento com ele. Não há indicação de uso”.
A médica destacou que a doença causada pelo novo coronavírus mostrou que não há um tratamento único, mas, sim “uma somatória, lidando parte a parte segundo o quadro do paciente”. Ela apontou, por exemplo, o uso de corticoides a partir do sétimo dia de infecção, quando há quadro inflamatório.
Quando questionada sobre o porquê da mudança de protocolo a respeito da cloroquina, medicamento defendido por Jair Bolsonaro, Raquel Muarrek foi taxativa: “No início dessa pandemia, estamos no quarto mês dela, no começo temos de lançar mão de medicamentos que não sabíamos se tinham efeito adequado. Era uma doença nova. Não sabíamos em que momento aplicar. Eu usei a hidroxicloroquina no início, porque não havia evidência. Os estudos foram se fechando em maio e junho e mostrou-se, hoje, que não há evidência. A doença hoje é tratada bem diferente hoje do que em março.”
No entanto, a infectologista reforçou que o acordo do tratamento segue dependendo da relação entre paciente e médico. “Se o paciente vem com uma conversa de que quer usar [a hidroxicloroquina], a gente senta e conversa sobre os efeitos e evidências de que não há casos de indicação de internação, ou seja, os moderados e graves. Se mesmo assim quiser usar, há um protocolo a ser usado. Precisa existir uma confiança entre o paciente e o médico.”