O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, visitou Londres na terça-feira (22) e levou na bagagem toda a carga ideológica do governo Trump. Mesmo isolado nas acusações contra a Organização Mundial de Saúde durante a maior pandemia do século, Pompeo continua no ataque. O secretário foi recebido pelo primeiro-ministro Boris Johnson em Downing Street durante o dia.
Ele elogiou a postura dos britânicos, que decidiram proibir a chinesa Huawei de seguir na instalação da rede 5G do país. A decisão foi tomada depois da enorme pressão exercida pela Casa Branca não apenas na empresa chinesa mas também em seus aliados. À noite, Pompeo participou do evento de um renomado think tank londrino e retomou os ataques contra a OMS.
Há alguns dias os Estados Unidos formalizaram a desfiliação da entidade — mas não receberam apoio de nenhum governo sério ao redor do mundo. Durante seu discurso, Mike Pompeo classificou a OMS como órgão político, e não científico. Também retomou as acusações contra Tedros Adhanom, diretor-geral da entidade, que seria próximo demais ao governo de Pequim. Segundo Pompeo, os serviços de inteligência americanos concluíram que houve um acordo da OMS com a China durante a pandemia. Nenhuma prova ou evidência mais detalhada sobre essas acusações foi apresentada pela Casa Branca ou pelo Departamento de Estado até hoje.
Talvez por isso as acusações contra a OMS não tenham recebido apoio relevante aqui na Europa — nem mesmo no governo britânico. Existem, sim, questionamentos sobre os equívocos cometidos pela entidade no início da pandemia — mas nada no tom adotado por Trump e seus subordinados. Os Estados Unidos têm mais de 3,8 milhões de casos de coronavírus e mais de 140 mil mortes por Covid-19. Os casos diários registrados tem sido pelo menos quatro vezes maiores que os registrados em toda a Europa.