O governo da Rússia quer que o Reino Unido apresente provas sobre o suposto ataque de hackers contra laboratórios que desenvolvem a vacina da Covid-19. Ministros de Moscou elevaram o tom contra Londres classificando as acusações de vagas, contraditórias e impossíveis de compreender. Na quinta-feira (16) o gabinete do conservador Boris Johnson acusou um grupo de hackers de tentar roubar dados sobre o desenvolvimento das vacinas contra o coronavírus. Pesquisadores da universidade de Oxford e do Imperial College London estão trabalhando na pesquisa que pode trazer um alento para a pandemia nos próximos meses.
O governo britânico, de fato, não forneceu detalhes sobre os ataques. Disse apenas que as pesquisas não foram comprometidas. Mas a acusação contra o Kremlin foi bastante direta — Dominic Raab, ministro do Exterior britânico, afirmou que é inaceitável ter agentes de inteligência russos envolvidos nos ataques às pesquisas da pandemia de Covid-19. A Rússia nega qualquer envolvimento com ataques cibernéticos, apesar do já conhecido envolvimento dos serviços de inteligência do país com grupos de hackers.
O governo britânico também acusou os espiões russos de tentarem interferir no resultado das eleições gerais do país realizadas em dezembro passado. Segundo o governo de Londres, o grupo teria atuado para favorecer os trabalhistas e prejudicar os conservadores no último pleito. Uma narrativa curiosa, uma vez que as atuações dos hackers russos nos últimos tempos estão associadas ao outro lado do espectro político não só aqui na Inglaterra, como também nos Estados Unidos.
Moscou, por exemplo, tem pouco a ganhar com o fortalecimento da União Europeia e todas as evidências divulgadas até hoje indicam que a campanha a favor do Brexit é que teve ajuda considerável dos russos na internet. Por tudo isso, as acusações do governo de Londres, que tiveram apoio dos Estados Unidos e do Canadá, ainda não estão exatamente claras. O que se sabe com certeza é que uma vacina contra o Covid-19 vai trazer prestígio e ganhos financeiros relevantes para quem a descobrir primeiro. E levando isso em conta parece evidente que cada potência está se mobilizando como pode para não ficar para trás.