Sindicatos pedem investigação contra racismo no McDonald’s no Brasil

Sindicatos de São Paulo pediram que o Ministério Público do Trabalho (MPT) abra uma investigação nacional para averiguar supostos casos de racismo contra funcionários na Arcos Dorados, a maior franqueadora do McDonald’s no Brasil. Em ação conjunta, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs) realizaram um ato nesta segunda-feira, 20, em frente a uma unidade da cadeia de restaurantes em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. A manifestação foi parte da mobilização internacional Strike for Black Lives (Greve pelas Vidas Negras), realizado simultaneamente em cidades dos Estados Unidos.

Segundo os sindicatos, em um dos casos relatados, duas testemunhas relataram que gerentes de uma unidade da rede de fast food em Itaquera, na zona leste da capital paulista, selecionavam pela aparência dos colaboradores quem ficaria em postos de atendimento, “enquanto outros atendentes, com aparência considerada ‘não tão boa’, eram encaminhados a um posto interno da loja, distante dos olhares externos”. Outra denúncia afirma que uma funcionária negra foi impedida de trabalhar no dia em que a unidade que ela atuava participou de uma avaliação internacional da rede. O documento ainda lista colaboradores que afirmaram ter sido alvos de xingamentos racistas, como “negrinha do cabelo ruim”, “macaca”, “pretinha suja”, entre outros.

Procurada pela Jovem Pan, a Arcos Dorados não respondeu aos questionamentos da reportagem até a publicação desta matéria. O presidente da UGT, Ricardo Patah, afirma que o ato visa conscientizar a população sobre a importância da luta contra o racismo em todas as esferas da sociedade. “Essa realidade ficou muito mais forte depois dos recentes incidentes nos Estados Unidos, e aqui no Brasil não poderia ser diferente.” O grupo de sindicatos protocolou na quinta-feira, 16, um ofício na Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades (Coordigualdade) do MPT de São Paulo solicitando a averiguação de 16 ações judicias sobre denúncias de racismo estrutural e institucional em restaurantes do McDonald’s.

Segundo o documento, os casos foram registrados nos últimos dois anos no Brasil, principalmente em lojas na periferia de São Paulo. “A completa inexistência de medidas concretas que busquem evitar e reprimir o preconceito e a discriminação racial entre empregados, atendentes e gerentes nas lojas McDonald´s também reafirmam a negligência da empresa”, afirma parte do texto.

De acordo com o presidente da UGT, a ação não tem como objetivo penalizar a Arcos Dorados, mas forçar a empresa a tomar medidas diante do número de denúncias. “Não é a primeira vez que casos como esse acontecem, por isso exigimos a qualificação dos trabalhadores e a busca de alternativas para extirpar ações criminosas. Abrir um caminho para o diálogo já é um passo importante para a empresa resolver o problema”, afirmou.